Um tapa na cara dos importados gringoleses: bandas nacionais que roubaram a cena no Rock in Rio

A lógica que rege a moda, dita também as ideias do contexto cultural: o que é de fora é sempre amado e louvado, e o que é daqui é menosprezado.
Assim caminha a humanidade, pelo menos o Brasil Brasilis, tipo humano habitante do quase continente sul americano.
A ideia de que tudo que vem de fora é melhor, ou qualquer titica de fora é melhor do que qualquer coisa daqui, é algo que se encontra bem fundido à nossa cultura.
Tivemos o Rock in Rio, e claro que as atrações principais se configuraram em bandas, em grande parte, americanas. Faz sentido pelo panorama econômico e de influência artística: é normal que o que faça sucesso em um país que rege, e que isso se configure em sucesso em outros locais.
Até aí, tudo ok! Foge da alçada da musica.
O que é complicado é fechar os olhos pra bandas tão boas que existem aqui.
Existem bandas ruins e péssimas, também, mas tem muita coisa de qualidade no solo tupiniquim.
Jota Quest, Skank, Detonautas e Frejat fizeram shows muito bons no festival do rock. Destaque pra Skank e Frejat, que mostraram uma simpatia e uma alegria absurda por estarem tocando no evento. Uma simpatia de Samuel Rosa – o cara mineirinho simático de boa – e um Frejat seguro e condutor de um baile musical.
Muito melhor do que muita coisa que vem de fora com toda pompa e as purpurinas!
Parece fácil dar valor a bandas medianas de fora, mas difícil admitir a qualidade de bandas daqui.
Você pode não gostar do estilo, mas admitir a qualidade e capacidade de espetáculo de algumas bandas nacionais é algo que não há como ser negado.
É simples: um show do skank, do frejat, detonautas, você conhece as músicas do começo ao final.
Mesmo não sendo fã, você pode ter a certeza de que são shows que você vai ouvir sucessos atrás de sucessos.
E pensem… como é absurdo fazer um show em que o público (fã ou não) canta por inteiro.
É simples. Saber admitir que o que temos aqui é valioso, cria uma áurea menos tensa na visão das pessoas.
Se tudo é ruim, não se abre espaço para que tenha algo bom.
Um tapa na cara de quem acredita que música é sempre em inglês. Não falo isso como se não gostasse do que há de fora, não há como não gostar, influencia em muito, mas usar binóculos para ver o que está distante, tira o seu campo de visão para o que está ao lado.