A aventura supermercado

Eu tenho um apreço muito grande em ir ao mercado. Do mercadinho, ao hipermercado e o atacadão. Não importa o formato, vou sempre ao mercado. Em média não devo passar mais de quatro dias sem fazer uma visitinha básica em algum. Vou a procura dos descontos, das ofertas, dos pontos acumulados. E porque não dizer dos selinhos para trocar com alguma coisa. Me divirto muito fazendo isso. O divertimento é tão grande que não são poucas as vezes que os passeios de sábado com algum namorado foi num supermercado.  Ir com a família, o simplesmente levar algum/a amig@, ir só. De qualquer jeito sempre vou me divertir fazendo compras no supermercado. E esse hábito, essa alegria me acompanha desde a mais tenra infância. (Reza a lenda de um dos maiores escândalos da minha primeira infância, aconteceu num mercado, acho que é exagero da oposição.rs).

É claro que como tudo nos últimos tempos, essa frequência e essa alegria foram bruscamente transformadas. Para seguir as recomendações de isolamento a frequência diminuiu drasticamente e ir ao mercado se tornou um turbilhão de emoções. O primeiro sentimento é evitar ao máximo do máximo precisar ir em algum. Para sair os primeiros cuidados já se fazem necessário, colocar a máscara, de maneira que os óculos não fiquem embaçado, colocar o álcool em gel no bolso da calça, colocar uma camisa de manga comprida por cima de uma blusinha, tudo para deixar o corpo menos exposto. No caminho a mistura de raiva e culpa que tal visita gera. Raiva porque a gente percebe que as ruas não estão vazias como deveriam estar, e que muita gente não tem tomado o cuidado de sair de máscara. O de culpa é saber que contrariando as orientações sobre isolamento eu tenho que sair.

Chego no mercado, e dependendo da rede a raiva pode aumentar ou diminuir conforme os padrões sanitários de segurança. Começo as compras e me sinto num campo minado, qualquer produto, qualquer gondola pode estar contaminada com o vírus. Além do corre-corre para tentar evitar que as pessoas fiquem muito próximas de mim, e eu delas. Qualquer mínima aproximação humana acende o alerta de inimigo. E claro aquela raiva básica de quem não foi de máscara (Que Deus no ajude a liberar perdão!). Durante as compras a indignação com a alta excessiva de determinados produtos, bem como a limitação de quantidades por compra de outros, e a inexistência de alguns. Vencida essa batalha é hora de se dirigir ao caixa, usar dinheiro, nem pensar! É tudo no cartão, que depois passará por um banho de álcool gel! Vem então a hora de coloca-las no carro e o medo de contaminar todo o guerreiro Uninho Azul! Chegando em casa, hora de banhar, e limpar item por item, é água sanitária daqui, álcool gel dali, passado pelo detergente! Tira a roupa e já saí correndo desesperada para o banho, esfrega dali e daqui, e lava novamente o cabelo. Aí o pobre do meu corpo acha que voltou da sua maior batalha e se espreguiça na cama até recuperar a forças.  E assim a aventura, luta, batalha, seja lá como se pode chamar acaba.

O corona vírus tem transformado de variadas formas nossas rotinas nossos hábitos, nossos relacionamentos humanos, nossa forma de viver na e com a sociedade, de se relacionar no e com o ambiente. De abrir mão de inúmeras coisas que amamos fazer. E quem não entender que essas mudanças são extremamente necessárias e irão impactar nossa nova forma de viver e se relacionar, irão sofrer absurdamente. Meu café de hoje teve a intenção de dividir com vocês o quanto a nossa vida mudou e como a adaptação é necessária. E que não entender isso vai sofrer fortes consequências…