Estava lendo uma notícia que me deixou intrigado a respeito da situação e da crise no quadro econômico no Brasil. Um comentarista de uma página de internet que sigo por ter conta de e-mail, dizia que, ao abrir, por curiosidade, o jornal no dia de hoje, 31 de março, vinte anos atrás, em 1995, dizia achar interessante como, naquela época, o Brasil enfrentava uma crise semelhante a que estamos enfrentando hoje.
O presidente se dizia inconformado com a má vontade do Congresso com as reformas propostas por ele: tributária e previdenciária, seus ministros beijavam as mãos dos bispos da CNBB pra garantir alguma paz em apoio às propostas profundamente impopulares, a oposição se fortalecia, os mercados estavam atônitos com as dificuldades referentes às reformas de sustentação do Plano Real (sim, era o início do governo FHC) e aqui está o mais interessante: havia uma crise com a base aliada. Formada por quem? O mesmo PMDB de sempre!
A esquerda (PT, com Lula precisamente) buscava apoio do PDT (Leonel Brizola, saudoso tanto quanto polêmico) e em SP, já com um governo tucano no poder, a pessoa do iracundo Mário Covas, enfrentava, como hoje, uma greve de professores do estado.
O que me chamou mais atenção foi mesmo o fato de que a base aliada do PSDB na época era o mesmo PMDB de hoje. Isso me parece bastante sintomático sobre quem dá as cartas nesse jogo aí. Sai PSDB, entra PT no governo, mas no poder, quem permanece é o tal do PMDB! Seja na figura de Marco Maciel como vice ou de Michel Temer, eles estão lá, discretos e presentes. Procure saber!
O caderno de esportes de 95, porém, tinha notícias de dar inveja: Zagallo estava dividido para a Copa América entre escolher Romário, Ronaldo, Bebeto ou Amoroso! Na Cultura, Raul Seixas cantava “Cachorro Urubu”, reclamando de ler sempre ao abrir os jornais, notícias sobre o fim do mundo. Bons tempos…
Vale dizer que dia 31 de março é um dia especial sob outro aspecto: embora tenha acontecido no dia 1º de abril; para ter mais credibilidade (oi? ) foi num dia 31 de março que o Brasil sucumbiu ao golpe militar, 51 anos atrás. Ou seja, crise por crise, com o PMDB apoiando o governo do PSDB ou do PT nos últimos anos, só nos resta uma certeza: a democracia ainda continua sendo o melhor caminho. Graças a Deus, para a maioria da população, para alívio dos familiares de presos e desaparecidos políticos ao longo dos 20 anos de poder militar, nós ainda vivemos, bem ou mal, em crise ou não, uma democracia em que temos o direito de bater panelas e fazer críticas.