O muro invisível

Um dos primeiros fatos históricos que eu tenho lembrança é sobre o muro de Berlim (Em algum momento já falei um pouco mais sobre isso nessa nossa mesa). Eu devia ter por volta de 6 anos quando me deparei com a contracapa de um Almanaque Abril que tinha as bandeiras de todos os países do mundo, e tinha a da Alemanha Ocidental e da Alemanha Oriental. Aquilo chamou minha atenção e fui perguntar para minha irmã, foi então que ele me disse que havia um muro que separava as duas Alemanhas. Na cabeça daquela menininha aquilo pareceu o máximo do máximo. Um muro que separava um país em dois. Longe de entender o que era Guerra Fria, Socialismo e Capitalismo, na época, eu fiquei encantada com aquilo e comecei a imaginar como seria a vida de famílias que foram separadas pelo muro. Tenho inclusive a lembrança de ter utilizado o tapete vermelho que fora usado no casório da minha irmã, que estava no quintal de casa para ser higienizado, para fazer a brincadeira que ele era o muro e que as pessoas, no caso euzinha, tentavam passar de um lado para o outro (ou seja, eu pulava de lá para cá sem pisar no tapete.rs)

Com o transcorrer dos anos, com os devidos conhecimentos históricos adquiridos, o muro deixou de ter esse encanto da minha infância. E eu pude entender o que de fato ele significava. Acho interessante notar, que hoje, mais de três décadas que o muro foi derrubado, em 2020, em pleno auge da pandemia do covid-19 outro muro se levanta. Esse totalmente invisível, o muro do vírus. Assim, como muitas e muitas famílias alemãs tiveram que ser abruptamente separadas, hoje, mais de um terço do planeta Terra tem passado por essa mesma situação. E como ela é super difícil.

Que saudade que dá de dar aquele beijo, aquele abraço em um/a ente querid@, num/a amig@ de velha data, de brincar com as crianças deles/as. De sentir um simples toque, em alguma parte do corpo (tem gente que ama falar cutucando a gente involuntariamente. rs). Que saudades daqueles/as que estão em outros estados e a gente queria aproveitar o transcorrer do ano para visitar!

Esse muro invisível do vírus é muito mais avassalador, e tod@s nós sabemos que a única forma de rever a tod@s depois que esse tempo do auge do vírus e da quarentena passar, é ficar distante agora. Não tem sido fácil, dói e dói muito esse afastamento necessário. Contudo, o afastamento através do muro do fim da vida, esse não tem volta. Não tem sido fácil para mim, para você creio que também não. Entretanto, temos que seguir cooperando uns/as @s outr@s para que esse muro seja derrubado o mais rápido possível. Certamente, ele não irá durar décadas como o muro de Berlim, e as histórias dos reencontros das pessoas que viveram essa experiência possa até nos ajudar a lidar melhor com essa nossa experiência. O fundamental agora é esperar que esse tempo passe rapidinho e que dentro em breve ao invés de dividir um café virtual, possamos compartilhar muitos e muitos cafés juntos, tocando quem a gente ama! Força para tod@s nós!